Ao
longo de nossa trajetória, muitas vezes nos deparamos com pessoas especiais que
marcam profundamente a nossa existência. Podem ser avós, professores, amigos ou
familiares que, com paciência e sabedoria, nos orientam em momentos de
insegurança, ajudando-nos a enxergar a vida por outro ângulo. Esses encontros,
que parecem casuais, são, em verdade, lições da vida espiritual e oportunidades
educativas previstas pela Providência Divina.
Um
exemplo inspirador é a história vivida por Mitch Albom, jornalista
norte-americano, relatada no livro A última grande lição. Durante a
juventude, encontrou em seu professor um verdadeiro mestre e amigo, que lhe
transmitiu ensinamentos sobre valores humanos, relações interpessoais e,
sobretudo, sobre o amor. Anos mais tarde, já consagrado profissionalmente,
Albom reencontraria esse mestre nos últimos meses de sua vida, recebendo dele a
derradeira lição: “Quando se aprende a morrer, se aprende a viver.”
A lição espírita sobre o sentido da vida
A
Doutrina Espírita ensina que a vida física é apenas uma etapa transitória da
existência do Espírito. No Livro dos Espíritos (questões 132 e 167),
aprendemos que a encarnação tem como objetivo o progresso moral e intelectual
do ser, possibilitando-lhe experiências necessárias ao aprimoramento. Assim, os
encontros e reencontros com pessoas especiais não se explicam apenas por afinidades
casuais, mas também pela lei de reencarnação e pelas ligações estabelecidas no
plano espiritual.
Na Revista
Espírita de abril de 1859, Allan Kardec escreve que a verdadeira finalidade
da vida corporal é servir de escola para a alma. A morte, portanto, não é uma
derrota, mas uma transição para a continuidade da existência em outra dimensão.
Dessa forma, quando se aprende a compreender a morte sob a ótica espírita,
relativiza-se o apego exagerado aos bens materiais e descobre-se a importância
do amor, da solidariedade e da fé.
O apego material e a ilusão da felicidade
Mitch
Albom, como tantos outros, trocou ideais por ganhos financeiros e status. Essa
trajetória reflete o conflito entre os valores transitórios do mundo e as
aspirações permanentes do Espírito. Kardec adverte em O Evangelho segundo o
Espiritismo (cap. XVI, “Não se pode
servir a Deus e a Mamom”) que o apego à matéria é uma das maiores causas de
sofrimento humano, pois prende o ser a uma ilusão de felicidade que se desfaz
com o tempo.
A sabedoria
espírita convida-nos a observar as belezas simples da vida: o ciclo da
natureza, a presença dos entes queridos, a oportunidade do trabalho, o
aprendizado das dificuldades. No diálogo com os bons Espíritos, encontramos o
convite constante ao cultivo de virtudes e à transformação interior.
Aprender a morrer para saber viver
O
ensinamento final do professor a Mitch Albom ecoa profundamente na filosofia
espírita. “Aprender a morrer”
significa compreender a morte como parte integrante da vida, aceitando sua
inevitabilidade com serenidade e esperança. Em A Gênese (cap. II, item
16), Kardec explica que a morte nada mais é do que “uma mudança de estado”,
pela qual o Espírito se liberta de um corpo transitório para retornar à sua
verdadeira pátria.
Ao
integrar essa compreensão, passamos a viver de forma mais consciente,
valorizando cada instante, cada palavra, cada gesto de amor. Como ensina a Revista
Espírita de março de 1863, o conhecimento espírita nos ajuda a relativizar
as dores e a encontrar alegria mesmo nas lutas da vida, porque nos oferece uma
visão ampla do destino humano.
Sempre é tempo de mudar
O
Espiritismo, em sintonia com a lição desse mestre anônimo, nos lembra que sempre
é tempo de mudança. Ninguém está condenado ao erro indefinidamente, pois a
Lei do Progresso garante a todos os Espíritos a possibilidade de renovação.
Cada dia é uma oportunidade de caminhar na direção do bem, cultivando a
humildade, a fraternidade e a esperança.
Assim,
o verdadeiro sentido da vida não está na acumulação de bens materiais, mas no
crescimento espiritual que se revela no amor ao próximo e na confiança em Deus.
Viver bem é aprender a amar, e amar é preparar-se para viver eternamente.
Referências
- Allan Kardec, O
Livro dos Espíritos, 1857.
- Allan Kardec, O
Evangelho segundo o Espiritismo, 1864.
- Allan Kardec, A
Gênese, 1868.
- Allan Kardec, Revista
Espírita (1858–1869).
- Momento Espírita, O
verdadeiro sentido da vida, disponível em:
momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3057&stat=0.
- Mitch Albom, A última grande lição. Ed. Sextante.
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