quinta-feira, 21 de agosto de 2025

O VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA
À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Ao longo de nossa trajetória, muitas vezes nos deparamos com pessoas especiais que marcam profundamente a nossa existência. Podem ser avós, professores, amigos ou familiares que, com paciência e sabedoria, nos orientam em momentos de insegurança, ajudando-nos a enxergar a vida por outro ângulo. Esses encontros, que parecem casuais, são, em verdade, lições da vida espiritual e oportunidades educativas previstas pela Providência Divina.

Um exemplo inspirador é a história vivida por Mitch Albom, jornalista norte-americano, relatada no livro A última grande lição. Durante a juventude, encontrou em seu professor um verdadeiro mestre e amigo, que lhe transmitiu ensinamentos sobre valores humanos, relações interpessoais e, sobretudo, sobre o amor. Anos mais tarde, já consagrado profissionalmente, Albom reencontraria esse mestre nos últimos meses de sua vida, recebendo dele a derradeira lição: “Quando se aprende a morrer, se aprende a viver.”

A lição espírita sobre o sentido da vida

A Doutrina Espírita ensina que a vida física é apenas uma etapa transitória da existência do Espírito. No Livro dos Espíritos (questões 132 e 167), aprendemos que a encarnação tem como objetivo o progresso moral e intelectual do ser, possibilitando-lhe experiências necessárias ao aprimoramento. Assim, os encontros e reencontros com pessoas especiais não se explicam apenas por afinidades casuais, mas também pela lei de reencarnação e pelas ligações estabelecidas no plano espiritual.

Na Revista Espírita de abril de 1859, Allan Kardec escreve que a verdadeira finalidade da vida corporal é servir de escola para a alma. A morte, portanto, não é uma derrota, mas uma transição para a continuidade da existência em outra dimensão. Dessa forma, quando se aprende a compreender a morte sob a ótica espírita, relativiza-se o apego exagerado aos bens materiais e descobre-se a importância do amor, da solidariedade e da fé.

O apego material e a ilusão da felicidade

Mitch Albom, como tantos outros, trocou ideais por ganhos financeiros e status. Essa trajetória reflete o conflito entre os valores transitórios do mundo e as aspirações permanentes do Espírito. Kardec adverte em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVI, “Não se pode servir a Deus e a Mamom”) que o apego à matéria é uma das maiores causas de sofrimento humano, pois prende o ser a uma ilusão de felicidade que se desfaz com o tempo.

A sabedoria espírita convida-nos a observar as belezas simples da vida: o ciclo da natureza, a presença dos entes queridos, a oportunidade do trabalho, o aprendizado das dificuldades. No diálogo com os bons Espíritos, encontramos o convite constante ao cultivo de virtudes e à transformação interior.

Aprender a morrer para saber viver

O ensinamento final do professor a Mitch Albom ecoa profundamente na filosofia espírita. “Aprender a morrer” significa compreender a morte como parte integrante da vida, aceitando sua inevitabilidade com serenidade e esperança. Em A Gênese (cap. II, item 16), Kardec explica que a morte nada mais é do que “uma mudança de estado”, pela qual o Espírito se liberta de um corpo transitório para retornar à sua verdadeira pátria.

Ao integrar essa compreensão, passamos a viver de forma mais consciente, valorizando cada instante, cada palavra, cada gesto de amor. Como ensina a Revista Espírita de março de 1863, o conhecimento espírita nos ajuda a relativizar as dores e a encontrar alegria mesmo nas lutas da vida, porque nos oferece uma visão ampla do destino humano.

Sempre é tempo de mudar

O Espiritismo, em sintonia com a lição desse mestre anônimo, nos lembra que sempre é tempo de mudança. Ninguém está condenado ao erro indefinidamente, pois a Lei do Progresso garante a todos os Espíritos a possibilidade de renovação. Cada dia é uma oportunidade de caminhar na direção do bem, cultivando a humildade, a fraternidade e a esperança.

Assim, o verdadeiro sentido da vida não está na acumulação de bens materiais, mas no crescimento espiritual que se revela no amor ao próximo e na confiança em Deus. Viver bem é aprender a amar, e amar é preparar-se para viver eternamente.

Referências

  • Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, 1857.
  • Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 1864.
  • Allan Kardec, A Gênese, 1868.
  • Allan Kardec, Revista Espírita (1858–1869).
  • Momento Espírita, O verdadeiro sentido da vida, disponível em: momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3057&stat=0.
  • Mitch Albom, A última grande lição. Ed. Sextante.

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