Em
nosso cotidiano, é comum enfrentarmos as chamadas viroses, essas
infecções virais que afetam nosso organismo físico, trazendo sintomas como
febre, dor de cabeça e indisposição. Algumas vezes, exigem repouso,
medicamentos e cuidados médicos específicos. Já nos acostumamos com esse tipo
de doença e, de modo geral, sabemos como preveni-las e tratá-las.
Vivemos
também em uma era em que nossas máquinas — principalmente os computadores —
estão igualmente sujeitas a “viroses”: programas maliciosos, criados por mentes
humanas, que corrompem sistemas e comprometem o funcionamento das ferramentas
tecnológicas de que tanto dependemos.
Esses
dois tipos de vírus, embora diferentes em natureza, têm algo em comum: ambos
interferem no equilíbrio e impedem o funcionamento saudável do que atingem.
Sejam organismos biológicos ou digitais, seus efeitos exigem atenção, correção
e, acima de tudo, prevenção.
Contudo,
existe um terceiro tipo de vírus, mais profundo e perigoso, que não afeta o
corpo nem os aparelhos eletrônicos — mas o Espírito. Esses são os vírus
morais e espirituais, tão reais quanto os anteriores, embora invisíveis aos
olhos do corpo. São eles os que corrompem o nosso mundo íntimo, os que adoecem
nossa alma e desequilibram nossa vida e nossos relacionamentos.
Os Vírus da Alma
Segundo
a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, somos Espíritos imortais em
jornada evolutiva. Trazemos conosco, ao longo das encarnações, tendências, valores
e vícios que moldam nossa conduta e refletem o nosso grau de progresso moral e
intelectual.
Assim,
doenças como orgulho, egoísmo, inveja, ódio, teimosia e vaidade não são
apenas desvios de caráter — são verdadeiras enfermidades da alma. Quando
cultivadas, essas disposições negativas enfraquecem nossa energia espiritual e
tornam nosso perispírito suscetível a desequilíbrios que, muitas vezes, se
refletem no próprio corpo físico, como nos ensina O Livro dos Espíritos
(questões 728 a 742), ao tratar da influência moral sobre a saúde e sobre as
doenças.
Não
raro, essas doenças do Espírito se manifestam também no mundo ao nosso redor. O
vírus de um computador, por exemplo, é fruto da mente humana que, agindo com
intenção destrutiva, revela um Espírito em desarmonia, usando seu conhecimento
para prejudicar, ao invés de contribuir. Como ensina o Espírito Emmanuel, pela
psicografia de Chico Xavier, em Pensamento e Vida, “o pensamento é força
criadora” — e se está contaminado, cria desordem e sofrimento.
Prevenção e Cura
Diante
dessas enfermidades invisíveis, qual o caminho da cura? A resposta espírita é
clara: autoconhecimento, transformação íntima e prática do bem.
Kardec
afirma, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 4), que o
verdadeiro homem de bem é aquele que trabalha constantemente para domar suas
más inclinações. Isso exige esforço diário, vigilância sobre nossos pensamentos
e sentimentos, e a decisão firme de substituir os “vírus” pelas virtudes:
paciência, humildade, caridade, tolerância, compreensão e perdão.
Se os
antibióticos combatem infecções físicas, e os antivírus protegem nossas
máquinas, é o amor — em suas mais variadas expressões — que atua como o mais
eficaz remédio para a alma. Amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Essa é a
vacina que fortalece nosso Espírito, amplia nossa resistência moral e favorece
a nossa saúde integral: corpo, mente e Espírito em harmonia.
O Espírito é Imortal
Mesmo
que os vírus destruam corpos ou sistemas, o Espírito é indestrutível. Isso nos
remete à grande responsabilidade que temos sobre nossa própria evolução. Tudo o
que cultivamos em nosso mundo íntimo permanece conosco além do túmulo. Como
destaca O Céu e o Inferno (Kardec, 2ª parte), as consequências de nossos
atos e sentimentos nos acompanham após a morte, repercutindo em nosso estado
espiritual.
Cabe
então a pergunta: queremos carregar por toda a eternidade esses vírus
espirituais? Ou já não seria tempo de nos libertarmos deles e iniciarmos a
cura profunda e verdadeira?
A
resposta está em nossas mãos. Cada escolha de pensamento, cada gesto, cada
intenção pode ser um passo rumo à saúde moral e à paz íntima.
Conclusão
A
Doutrina Espírita nos ensina que o ser humano é autor do próprio destino e tem
todos os recursos necessários para regenerar-se. Que tal, então, escolher agora
substituir os vírus pelas virtudes?
Façamos
essa opção consciente. Que nossas ações diárias sejam inspiradas pela ética do
Cristo, pelo esforço da melhoria contínua e pela busca da luz interior. Assim,
estaremos verdadeiramente protegidos — não só das viroses do mundo, mas,
principalmente, das sombras que ainda nos visitam por dentro.
Pensemos
nisso.
Referências:
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. FEB.
- KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o Espiritismo. FEB.
- KARDEC, Allan. O
Céu e o Inferno. FEB.
- XAVIER, Francisco
Cândido. Pensamento e Vida, pelo Espírito Emmanuel. FEB.
- Momento Espírita.
“Vírus”. Disponível em: momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3153&let=V&stat=0
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