segunda-feira, 4 de agosto de 2025

VÍRUS DO CORPO, DA MÁQUINA E DA ALMA:
UMA REFLEXÃO À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Em nosso cotidiano, é comum enfrentarmos as chamadas viroses, essas infecções virais que afetam nosso organismo físico, trazendo sintomas como febre, dor de cabeça e indisposição. Algumas vezes, exigem repouso, medicamentos e cuidados médicos específicos. Já nos acostumamos com esse tipo de doença e, de modo geral, sabemos como preveni-las e tratá-las.

Vivemos também em uma era em que nossas máquinas — principalmente os computadores — estão igualmente sujeitas a “viroses”: programas maliciosos, criados por mentes humanas, que corrompem sistemas e comprometem o funcionamento das ferramentas tecnológicas de que tanto dependemos.

Esses dois tipos de vírus, embora diferentes em natureza, têm algo em comum: ambos interferem no equilíbrio e impedem o funcionamento saudável do que atingem. Sejam organismos biológicos ou digitais, seus efeitos exigem atenção, correção e, acima de tudo, prevenção.

Contudo, existe um terceiro tipo de vírus, mais profundo e perigoso, que não afeta o corpo nem os aparelhos eletrônicos — mas o Espírito. Esses são os vírus morais e espirituais, tão reais quanto os anteriores, embora invisíveis aos olhos do corpo. São eles os que corrompem o nosso mundo íntimo, os que adoecem nossa alma e desequilibram nossa vida e nossos relacionamentos.

Os Vírus da Alma

Segundo a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec, somos Espíritos imortais em jornada evolutiva. Trazemos conosco, ao longo das encarnações, tendências, valores e vícios que moldam nossa conduta e refletem o nosso grau de progresso moral e intelectual.

Assim, doenças como orgulho, egoísmo, inveja, ódio, teimosia e vaidade não são apenas desvios de caráter — são verdadeiras enfermidades da alma. Quando cultivadas, essas disposições negativas enfraquecem nossa energia espiritual e tornam nosso perispírito suscetível a desequilíbrios que, muitas vezes, se refletem no próprio corpo físico, como nos ensina O Livro dos Espíritos (questões 728 a 742), ao tratar da influência moral sobre a saúde e sobre as doenças.

Não raro, essas doenças do Espírito se manifestam também no mundo ao nosso redor. O vírus de um computador, por exemplo, é fruto da mente humana que, agindo com intenção destrutiva, revela um Espírito em desarmonia, usando seu conhecimento para prejudicar, ao invés de contribuir. Como ensina o Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, em Pensamento e Vida, “o pensamento é força criadora” — e se está contaminado, cria desordem e sofrimento.

Prevenção e Cura

Diante dessas enfermidades invisíveis, qual o caminho da cura? A resposta espírita é clara: autoconhecimento, transformação íntima e prática do bem.

Kardec afirma, em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XVII, item 4), que o verdadeiro homem de bem é aquele que trabalha constantemente para domar suas más inclinações. Isso exige esforço diário, vigilância sobre nossos pensamentos e sentimentos, e a decisão firme de substituir os “vírus” pelas virtudes: paciência, humildade, caridade, tolerância, compreensão e perdão.

Se os antibióticos combatem infecções físicas, e os antivírus protegem nossas máquinas, é o amor — em suas mais variadas expressões — que atua como o mais eficaz remédio para a alma. Amor a Deus, ao próximo e a si mesmo. Essa é a vacina que fortalece nosso Espírito, amplia nossa resistência moral e favorece a nossa saúde integral: corpo, mente e Espírito em harmonia.

O Espírito é Imortal

Mesmo que os vírus destruam corpos ou sistemas, o Espírito é indestrutível. Isso nos remete à grande responsabilidade que temos sobre nossa própria evolução. Tudo o que cultivamos em nosso mundo íntimo permanece conosco além do túmulo. Como destaca O Céu e o Inferno (Kardec, 2ª parte), as consequências de nossos atos e sentimentos nos acompanham após a morte, repercutindo em nosso estado espiritual.

Cabe então a pergunta: queremos carregar por toda a eternidade esses vírus espirituais? Ou já não seria tempo de nos libertarmos deles e iniciarmos a cura profunda e verdadeira?

A resposta está em nossas mãos. Cada escolha de pensamento, cada gesto, cada intenção pode ser um passo rumo à saúde moral e à paz íntima.

Conclusão

A Doutrina Espírita nos ensina que o ser humano é autor do próprio destino e tem todos os recursos necessários para regenerar-se. Que tal, então, escolher agora substituir os vírus pelas virtudes?

Façamos essa opção consciente. Que nossas ações diárias sejam inspiradas pela ética do Cristo, pelo esforço da melhoria contínua e pela busca da luz interior. Assim, estaremos verdadeiramente protegidos — não só das viroses do mundo, mas, principalmente, das sombras que ainda nos visitam por dentro.

Pensemos nisso.

Referências:

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. FEB.
  • KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida, pelo Espírito Emmanuel. FEB.
  • Momento Espírita. “Vírus”. Disponível em: momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3153&let=V&stat=0

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