Introdução
A
Doença de Alzheimer é um dos maiores desafios da atualidade, tanto para a
ciência médica quanto para as famílias que acompanham seus entes queridos ao
longo do processo degenerativo. Contudo, quando analisada sob a ótica da
Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, essa enfermidade revela
dimensões mais profundas, que envolvem a personalidade, as escolhas espirituais
e as relações de causa e efeito em nossas existências.
O
presente artigo busca articular observações clínicas e familiares com
fundamentos espíritas, destacando a importância do papel dos cuidadores, os
possíveis vínculos obsessivos envolvidos e, sobretudo, os aprendizados
espirituais que emergem diante desse quadro.
Traços de Personalidade e Vulnerabilidade
Espiritual
Muitos
portadores de Alzheimer apresentam perfis de vida marcados por isolamento,
rigidez, manias e resistência a mudanças. Kardec, em O Livro dos Espíritos
(questões 919-919a), ensina que o autoconhecimento é o caminho seguro para o
progresso moral. A ausência desse exercício pode favorecer desequilíbrios que,
somados ao estilo de vida moderno – estresse, má alimentação, sedentarismo –,
criam terreno propício para o adoecimento precoce.
Gatilhos e a Questão da Aposentadoria
Um dos
fatores que podem acelerar o processo é o isolamento social, especialmente após
a aposentadoria. A Revista Espírita (dezembro de 1865) já alertava para
os riscos da inatividade e da ociosidade, que abrem espaço para perturbações
espirituais. O espírito humano necessita de ocupação útil e de vínculos
afetivos para manter-se em equilíbrio.
Alzheimer e Mediunidade
Observa-se
que muitos pacientes relatam diálogos com desencarnados ou recordações de vidas
passadas. Kardec, em O Livro dos Médiuns, explica que os laços fluídicos
enfraquecidos podem permitir maior intercâmbio espiritual, sobretudo em fases
de transição entre a encarnação e o desencarne. Essa condição revela que a
doença, além de biológica, pode ser também uma oportunidade de aprendizado
espiritual, trazendo à tona aspectos ocultos da personalidade.
Obsessão e Relações de Causa e Efeito
Em
alguns casos, o Alzheimer pode ser favorecido por processos obsessivos.
Indivíduos pouco inclinados ao amor ao próximo tornam-se mais vulneráveis à
ação de Espíritos vingativos. Kardec, em A Gênese (cap. XIV), explica
que a obsessão é fruto de sintonia mental e moral. Pergunta-se: quem é o
verdadeiro alvo, o doente ou sua família? Frequentemente, ambos se encontram
enlaçados em reajustes recíprocos.
O Alzheimer como “Vitrine do Espírito”
Assim
como a infância revela a essência espiritual ainda livre das convenções
sociais, o Alzheimer pode desnudar a verdadeira natureza do indivíduo, expondo
aspectos ocultos de sua personalidade. Para os familiares atentos, isso se
torna oportunidade de aprendizado sobre si mesmos e sobre os laços espirituais
que os unem.
O Papel dos Cuidadores
Ser
cuidador de alguém com Alzheimer é tarefa árdua, mas espiritualmente grandiosa.
Trata-se de verdadeira escola de paciência, humildade e amor incondicional. No
entanto, muitos cuidadores também adoecem, por não aprenderem as lições
espirituais implícitas. A tarefa, portanto, deve ser vista como prova e missão,
lembrando o ensino do Espírito da Verdade: “Amai-vos e instruí-vos.” (O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI).
Prevenção Espiritual
Embora
não exista “vacina” médica definitiva, o Espiritismo indica medidas preventivas
no campo moral:
- Cultivar a vida
produtiva e ativa;
- Desenvolver a
inteligência e a criatividade;
- Praticar o perdão e
a caridade;
- Manter vínculos
fraternos e afetivos;
- Transformar
pensamentos e sentimentos.
Assim,
mais que herança genética, o Alzheimer pode refletir escolhas espirituais e
hábitos de vida. A evangelização de nossas condutas, desde a infância, é o
verdadeiro remédio preventivo.
Conclusão
A
Doutrina Espírita amplia a compreensão do Alzheimer, revelando-o como fenômeno
não apenas biológico, mas espiritual, onde se entrelaçam provas, expiações,
obsessões e oportunidades de evolução. O cuidador, longe de ser apenas vítima,
é chamado a desenvolver virtudes essenciais ao progresso da alma.
O
Espiritismo nos ensina que, diante de qualquer enfermidade, o mais eficaz
remédio é a transformação íntima. No Alzheimer, essa verdade se confirma de
forma ainda mais clara: trata-se de uma moléstia que convida ao amor, à
paciência e ao aprendizado coletivo.
Referências
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos. 1ª ed. 1857.
- KARDEC, Allan. O
Livro dos Médiuns. 1861.
- KARDEC, Allan. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. 1864.
- KARDEC, Allan. A
Gênese. 1868.
- KARDEC, Allan. Revista
Espírita (1858-1869).
- XAVIER, Francisco
Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB.
- XAVIER, Francisco
Cândido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Pelo
Espírito Humberto de Campos. FEB.
- CANHOTO, Américo. Alzheimer:
uma doença espiritual (Artigo).
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