sábado, 6 de setembro de 2025

ALZHEIMER E O DESAFIO DA ATUALIDADE
REFLEXÕES DOUTRINÁRIAS E ESPIRITUAIS
- A Era do Espírito -

Introdução

A Doença de Alzheimer é um dos maiores desafios da atualidade, tanto para a ciência médica quanto para as famílias que acompanham seus entes queridos ao longo do processo degenerativo. Contudo, quando analisada sob a ótica da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, essa enfermidade revela dimensões mais profundas, que envolvem a personalidade, as escolhas espirituais e as relações de causa e efeito em nossas existências.

O presente artigo busca articular observações clínicas e familiares com fundamentos espíritas, destacando a importância do papel dos cuidadores, os possíveis vínculos obsessivos envolvidos e, sobretudo, os aprendizados espirituais que emergem diante desse quadro.

Traços de Personalidade e Vulnerabilidade Espiritual

Muitos portadores de Alzheimer apresentam perfis de vida marcados por isolamento, rigidez, manias e resistência a mudanças. Kardec, em O Livro dos Espíritos (questões 919-919a), ensina que o autoconhecimento é o caminho seguro para o progresso moral. A ausência desse exercício pode favorecer desequilíbrios que, somados ao estilo de vida moderno – estresse, má alimentação, sedentarismo –, criam terreno propício para o adoecimento precoce.

Gatilhos e a Questão da Aposentadoria

Um dos fatores que podem acelerar o processo é o isolamento social, especialmente após a aposentadoria. A Revista Espírita (dezembro de 1865) já alertava para os riscos da inatividade e da ociosidade, que abrem espaço para perturbações espirituais. O espírito humano necessita de ocupação útil e de vínculos afetivos para manter-se em equilíbrio.

Alzheimer e Mediunidade

Observa-se que muitos pacientes relatam diálogos com desencarnados ou recordações de vidas passadas. Kardec, em O Livro dos Médiuns, explica que os laços fluídicos enfraquecidos podem permitir maior intercâmbio espiritual, sobretudo em fases de transição entre a encarnação e o desencarne. Essa condição revela que a doença, além de biológica, pode ser também uma oportunidade de aprendizado espiritual, trazendo à tona aspectos ocultos da personalidade.

Obsessão e Relações de Causa e Efeito

Em alguns casos, o Alzheimer pode ser favorecido por processos obsessivos. Indivíduos pouco inclinados ao amor ao próximo tornam-se mais vulneráveis à ação de Espíritos vingativos. Kardec, em A Gênese (cap. XIV), explica que a obsessão é fruto de sintonia mental e moral. Pergunta-se: quem é o verdadeiro alvo, o doente ou sua família? Frequentemente, ambos se encontram enlaçados em reajustes recíprocos.

O Alzheimer como “Vitrine do Espírito”

Assim como a infância revela a essência espiritual ainda livre das convenções sociais, o Alzheimer pode desnudar a verdadeira natureza do indivíduo, expondo aspectos ocultos de sua personalidade. Para os familiares atentos, isso se torna oportunidade de aprendizado sobre si mesmos e sobre os laços espirituais que os unem.

O Papel dos Cuidadores

Ser cuidador de alguém com Alzheimer é tarefa árdua, mas espiritualmente grandiosa. Trata-se de verdadeira escola de paciência, humildade e amor incondicional. No entanto, muitos cuidadores também adoecem, por não aprenderem as lições espirituais implícitas. A tarefa, portanto, deve ser vista como prova e missão, lembrando o ensino do Espírito da Verdade: “Amai-vos e instruí-vos.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI).

Prevenção Espiritual

Embora não exista “vacina” médica definitiva, o Espiritismo indica medidas preventivas no campo moral:

  • Cultivar a vida produtiva e ativa;
  • Desenvolver a inteligência e a criatividade;
  • Praticar o perdão e a caridade;
  • Manter vínculos fraternos e afetivos;
  • Transformar pensamentos e sentimentos.

Assim, mais que herança genética, o Alzheimer pode refletir escolhas espirituais e hábitos de vida. A evangelização de nossas condutas, desde a infância, é o verdadeiro remédio preventivo.

Conclusão

A Doutrina Espírita amplia a compreensão do Alzheimer, revelando-o como fenômeno não apenas biológico, mas espiritual, onde se entrelaçam provas, expiações, obsessões e oportunidades de evolução. O cuidador, longe de ser apenas vítima, é chamado a desenvolver virtudes essenciais ao progresso da alma.

O Espiritismo nos ensina que, diante de qualquer enfermidade, o mais eficaz remédio é a transformação íntima. No Alzheimer, essa verdade se confirma de forma ainda mais clara: trata-se de uma moléstia que convida ao amor, à paciência e ao aprendizado coletivo.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª ed. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 1861.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869).
  • XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. FEB.
  • CANHOTO, Américo. Alzheimer: uma doença espiritual (Artigo).

 

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