sexta-feira, 19 de setembro de 2025

DINHEIRO É SANGUE: A CIRCULAÇÃO DOS BENS
COMO FORÇA DE VIDA E PROGRESSO
- A Era do Espírito -

Introdução

A frase “dinheiro é sangue”, quando pronunciada, pode soar estranha à primeira vista. No entanto, ao ser explicada, revela-se uma metáfora poderosa: assim como o sangue não pode estagnar em nosso corpo sem provocar doença ou morte, também o dinheiro, quando parado, perde sua função social e vital.

Essa visão contrasta com o uso egoísta e predatório da riqueza, que tantas vezes se converte em instrumento de exploração e desigualdade. Na perspectiva espírita, o dinheiro não é um mal em si mesmo, mas um recurso neutro, que adquire valor moral conforme o uso que dele se faz. É, portanto, ferramenta de prova e oportunidade de serviço ao próximo.

O Dinheiro como Sangue Social

Do ponto de vista biológico, o sangue circula pelo corpo distribuindo oxigênio e nutrientes, eliminando resíduos e fortalecendo o organismo contra infecções. Quando essa circulação se interrompe, instala-se a doença.

Analogamente, o dinheiro tem papel vital na circulação das riquezas sociais. Se retido de forma egoísta, gera concentração e miséria. Se bem administrado, pode se converter em educação, saúde, trabalho e dignidade.

A própria ciência econômica contemporânea reforça esse princípio: a circulação de recursos é essencial para evitar a estagnação e garantir o desenvolvimento sustentável.

A Visão Espírita sobre a Riqueza

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (questões 814-816), pergunta aos Espíritos sobre a desigualdade das riquezas. A resposta é clara: as diferenças materiais existem como prova e expiação. O rico é testado na administração do supérfluo, sendo chamado a praticar a caridade e a justiça.

Na Revista Espírita (março de 1860), Kardec analisou o papel dos bens terrenos, destacando que sua posse deve ser entendida como um depósito confiado por Deus ao homem, que responderá pelo bom ou mau uso deles. O apego material excessivo é visto como atraso espiritual, enquanto a utilização solidária da riqueza gera progresso e mérito moral.

Assim, quando aplica-se a fortuna em educação, acolhimento e profissionalização de jovens em risco, dá-se exemplo concreto de que o dinheiro pode se transformar em sangue vivo, irrigando áreas de carência social e fecundando vidas para o futuro.

O Dever Moral da Circulação

O apego ao dinheiro, com medo de perdê-lo, equivale à estagnação sanguínea: sufoca, adoece e paralisa. Em contrapartida, o desprendimento consciente — que não significa desperdício, mas uso equilibrado — garante que o recurso cumpra sua finalidade de promover o bem-estar coletivo.

No campo espiritual, essa atitude se traduz em caridade efetiva, que não se resume à esmola imediata, mas busca oferecer meios para que o outro se sustente dignamente. Cursos, moradia, educação e oportunidades de trabalho são exemplos de investimento no progresso real do próximo e, por consequência, da sociedade inteira.

Conclusão

A metáfora do dinheiro como sangue revela uma verdade profunda: a vida social, assim como o corpo humano, depende de circulação constante para se manter saudável. Estagnar os bens é favorecer a desigualdade; fazê-los fluir é promover justiça e solidariedade.

À luz do Espiritismo, entendemos que cada recurso que nos chega às mãos não nos pertence em definitivo, mas é empréstimo divino. O uso que dele fazemos nos aproxima ou nos distancia das leis de amor, justiça e caridade.

Dinheiro é sangue. Precisa circular, levando oxigênio às regiões de miséria e esperança aos corações que aguardam novas oportunidades. Quando assim acontece, a riqueza cumpre sua verdadeira função: tornar-se bênção de vida frutífera para todos.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita (1858-1869). Diversos volumes.
  • Momento Espírita. Dinheiro é sangue. Disponível em: https://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=7515&stat=0. Acesso em: 19 set. 2025.
  • PIKETTY, Thomas. O Capital no Século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

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