quarta-feira, 24 de setembro de 2025

PENSAMENTO, ENERGIA E SINTONIA:
UMA PERSPECTIVA ESPÍRITA SOBRE A SAÚDE INTEGRAL
- A Era do Espírito -

Introdução

O ser humano pode ser compreendido sob múltiplos olhares: científico, filosófico, religioso ou holístico. Cada abordagem privilegia uma dimensão distinta da existência. Contudo, nas últimas décadas, um ponto de convergência tem emergido com força: a compreensão do componente energético do ser humano e suas interfaces com a natureza e com outros seres.

A ciência moderna, em especial a física quântica e os estudos sobre bioeletromagnetismo, começa a admitir que os processos vitais não podem ser explicados apenas pela visão mecanicista do corpo físico. A espiritualidade, por sua vez, há muito tempo sustenta que o ser humano é mais do que matéria — é espírito, energia e consciência. Nesse campo, o Espiritismo, codificado por Allan Kardec no século XIX, oferece contribuições originais ao relacionar a dimensão energética do ser humano ao perispírito, elemento de ligação entre o corpo material e o espírito imortal.

O Ser Humano e seu Campo Energético

O Espiritismo apresenta o ser humano como um ser tríplice: espírito, perispírito e corpo físico. O perispírito é descrito como o envoltório semimaterial que serve de mediador entre o espírito e o corpo, sendo constituído a partir do fluido cósmico universal, elemento primordial da criação (O Livro dos Espíritos, questões 93 a 95).

Segundo a codificação espírita e a Revista Espírita, o perispírito possui propriedades sutis que permitem a assimilação, transformação e emissão de energias. Dessa forma, cada indivíduo está em constante troca vibratória com o meio em que vive. Essa interação explica, em parte, porque estados mentais e emocionais afetam diretamente a saúde física e psíquica.

Pensamento como Força Vibratória

O pensamento não é apenas um fenômeno neurológico. Ele é, antes de tudo, uma emissão vibratória que se projeta no ambiente e atrai forças semelhantes. Kardec já observava que o pensamento é uma espécie de “raio” ou “fluido” que atinge tanto outros espíritos quanto pessoas encarnadas (Revista Espírita, 1865).

Esse mecanismo cria o que poderíamos chamar de filtro vibratório: absorvemos energias compatíveis com nosso estado interior. Se estamos em equilíbrio e cultivando bons sentimentos, atraímos energias saudáveis; se, ao contrário, nos deixamos levar por pensamentos de ódio, pessimismo ou desequilíbrio, sintonizamos com forças da mesma natureza.

Ciência, Espiritismo e Mentalização Positiva

Estudos atuais da psicologia positiva e das neurociências confirmam que emoções e pensamentos influenciam a saúde. Pesquisas sobre epigenética mostram que o estado mental pode alterar a expressão genética, impactando a imunidade e a longevidade. Assim, conceitos antes considerados místicos ganham respaldo científico.

Na prática, isso significa que a mentalização positiva — base de muitos métodos de autoajuda — encontra fundamento também na visão espírita. O Espiritismo, entretanto, amplia essa compreensão, explicando que não se trata apenas de sugestão mental, mas de uma real sintonia vibratória entre o ser humano, os fluidos espirituais e a própria ação dos espíritos.

Consequências da Sintonia Energética

Podemos resumir o processo em alguns pontos:

  1. Absorção energética automática – o perispírito capta constantemente as energias do meio.
  2. Filtragem vibratória – o tipo de energia assimilada depende do estado mental e espiritual do indivíduo.
  3. Metabolização fluídica – as energias absorvidas são transformadas e distribuídas no corpo físico e espiritual.
  4. Reforço do estado interior – a energia assimilada retroalimenta o equilíbrio ou desequilíbrio já existente.

Essa dinâmica evidencia a importância da vigilância mental e moral. Como advertia Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, “os maus pensamentos corrompem o homem” (cap. VIII, item 7). Por outro lado, cultivar o bem, a caridade e a serenidade é garantia de estar envolto em forças salutares.

Implicações para o Cotidiano

O Espiritismo propõe que cada pessoa se torne responsável por sua própria sintonia energética. Isso implica:

  • Vigiar pensamentos e sentimentos, evitando fixar-se na negatividade.
  • Praticar o bem e a caridade, que naturalmente elevam a vibração pessoal.
  • Buscar ambientes saudáveis, físicos e espirituais, que favoreçam o equilíbrio.
  • Manter hábitos saudáveis, como oração, estudo e convivência edificante.

O bem-estar, segundo essa visão, não depende apenas de fatores externos ou genéticos, mas sobretudo da forma como cada um organiza sua vida mental e espiritual.

Conclusão

A convergência entre ciência, filosofia e espiritualidade aponta para uma mesma direção: o ser humano é, antes de tudo, um ser energético. O Espiritismo, com sua abordagem racional e experimental, antecipa em mais de um século reflexões que hoje ganham corpo na ciência contemporânea.

A consciência de que somos emissores e receptores constantes de energia nos convida a uma responsabilidade maior sobre nossos pensamentos e sentimentos. O equilíbrio interior não é apenas uma conquista íntima, mas também uma condição de saúde, de paz social e de sintonia com as leis divinas.

Em última análise, nosso bem-estar depende de nós mesmos, de nossa vigilância e da prática constante do amor e da caridade — energias que nos mantêm em sintonia com a vida em sua expressão mais elevada.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. 1868.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. 1858-1869.
  • SHELDRAKE, Rupert. A Presença do Passado: Campos Morfogenéticos e Hábitos da Natureza. São Paulo: Cultrix, 2009.
  • LIPTON, Bruce. A Biologia da Crença. São Paulo: Butterfly, 2007.

 

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