quinta-feira, 11 de setembro de 2025

HONRAR ALLAN KARDEC: DISCÍPULOS E ÊMULOS
NA CAMINHADA DO PROGRESSO ESPIRITUAL
- A Era do Espírito -

Introdução

Em 31 de março de 1869, Allan Kardec retornou à pátria espiritual em decorrência da ruptura de um aneurisma. Contando desde o momento em que tomou contato com os fenômenos das chamadas “mesas girantes”, foram cerca de quinze anos de dedicação intensa e ininterrupta à pesquisa e à codificação da Doutrina Espírita.

Hoje, passados mais de 150 anos de sua desencarnação, os frutos do Espiritismo continuam a iluminar consciências e a consolar corações, mostrando a atualidade e a profundidade de sua obra. No entanto, mais importante do que recordar a data de seu desencarne é refletir: como podemos, de fato, honrar sua memória e dar continuidade ao seu legado?

Mais do que recordar: o convite à ação

Na edição de junho de 1869 da Revista Espírita, publicada logo após sua desencarnação, Kardec — através de mensagem espiritual — faz uma reflexão sobre os aniversários e centenários que homenageiam benfeitores da humanidade. Ele afirma que tais datas são dignas de respeito e reconhecimento, pois lembram à sociedade que “somente os que trabalham para melhorar a sorte de seus irmãos têm direito a todo o respeito e a toda veneração”.

Contudo, Kardec adverte que o simples ato de admirar e aplaudir não é suficiente. É necessário ir além da comoção e do entusiasmo. Segundo suas palavras:

“A admiração, o respeito, a simpatia comovem o teu coração, animam o teu espírito, excitam a tua coragem, mas é necessário ainda mais... É necessário que eles reconheçam discípulos e êmulos entre os que fazem reviver o seu passado.”

Com essa exortação, Kardec nos convida a compreender que honrá-lo verdadeiramente não se resume a frequentar eventos comemorativos, citar seus livros ou exaltar seu nome, mas seguir seus passos e assumir responsabilidades semelhantes às que ele assumiu diante do Cristo.

Ser discípulo: viver os ensinamentos

Ser um discípulo de Kardec significa estudar profundamente as obras da Codificação — como O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese — e buscar vivenciar os princípios morais que delas decorrem.

O discípulo não é mero leitor: ele reflete, transforma-se e age, aplicando o conhecimento espírita na própria vida e nas relações com o próximo. Assim, torna-se um instrumento do bem, colaborando com o progresso moral da humanidade, conforme ensina a Revista Espírita (1858–1869).

Ser êmulo: caminhar lado a lado no ideal do bem

O termo êmulo significa esforçar-se para igualar ou até superar alguém em qualidades ou méritos. Ser um êmulo de Kardec não significa competir com ele, mas comprometer-se sinceramente a trilhar o mesmo caminho de esforço, estudo, abnegação e fidelidade à verdade.

É buscar ser tão dedicado à causa do bem quanto ele foi, integrando-se ao esforço coletivo dos bons Espíritos para regenerar a humanidade — começando pela vitória sobre as próprias imperfeições.

Essa visão está em perfeita sintonia com o ideal cristão apresentado por Jesus: “Sede perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celestial” (Evangelho segundo Mateus, 5:48). Kardec não desejava ser visto como autoridade infalível, mas como um trabalhador entre outros trabalhadores, que confiava no progresso de todos nós.

A verdadeira homenagem

Compreendemos, então, que a melhor forma de homenagear Kardec não está nas flores, nos discursos ou nas solenidades, mas em tornar vivos os seus ensinamentos pelo exemplo diário.

Isso significa:

  • Estudar com seriedade a Doutrina Espírita e divulgá-la com responsabilidade.
  • Praticar a caridade com humildade e discrição, sem interesses pessoais.
  • Viver a fé raciocinada, analisando com lógica e bom senso qualquer manifestação espiritual.
  • Esforçar-se pela transformação íntima, modificando sentimentos e atitudes à luz do Evangelho.

Seguindo por esse caminho, tornamo-nos discípulos e êmulos do Codificador, contribuindo para que a Doutrina Espírita continue sendo um farol de razão, consolo e esperança para as novas gerações.

Referências

  • Allan Kardec – O Livro dos Espíritos.
  • Allan Kardec – O Livro dos Médiuns.
  • Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo.
  • Allan Kardec – O Céu e o Inferno.
  • Allan Kardec – A Gênese.
  • Revista Espírita (1858–1869), especialmente a edição de junho de 1869.
  • Alexandre Fontes da Fonseca – Aniversário do Desencarne de Kardec: Como Comemorar?

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