quinta-feira, 11 de setembro de 2025

MORALIDADE: DA EXISTÊNCIA HUMANA
À TRANSCENDÊNCIA DO ESPÍRITO
- A Era do Espírito -

Introdução

A jornada do ser humano na Terra vai muito além da simples sobrevivência. Desde que nasce, cada pessoa carrega dentro de si potenciais que precisam ser desenvolvidos — não apenas no raciocínio e nas emoções, mas principalmente na construção de sua moralidade.

A Doutrina Espírita ensina que nossa existência tem como objetivo maior o progresso espiritual, e que esse progresso se dá através da educação da alma, do exercício do amor e do desenvolvimento da consciência moral.

Do egocentrismo à consciência moral

Quando começamos a viver no mundo, somos naturalmente voltados para nós mesmos.

Esse egocentrismo é uma etapa necessária, pois permite que cada um reconheça sua própria individualidade. No entanto, com o tempo, especialmente na convivência com a família e na escola, vamos aprendendo que não estamos sozinhos. Descobrimos que o outro também importa.

O filósofo Henri Bergson falava sobre dois tipos de moral:

  • A moral fechada, que é imposta de fora, por regras e normas sociais.
  • A moral aberta, que brota de dentro de nós, de nossa consciência desperta e sensível ao bem.

Na visão espírita, essa moral aberta representa o despertar do “ser moral”, um ser que compreende sua responsabilidade perante a humanidade e age com base no amor, na empatia e na justiça — valores que Jesus, o Cristo, exemplificou em sua vida na Terra.

A moral como caminho para o espírito

À medida que evoluímos moralmente, deixamos de ver as pessoas como rivais e passamos a vê-las como irmãos. A humanidade deixa de ser um conjunto de nações e raças separadas e passa a ser percebida como uma grande família espiritual. Esse é o verdadeiro sentido de sermos “cidadãos do mundo”.

Johann Heinrich Pestalozzi, educador que inspirou Allan Kardec, afirmava que a moralidade é a verdadeira religião e o fim supremo da educação. Para o Espiritismo, esse ideal moral não se resume a costumes e convenções, mas à aspiração natural que temos de alcançar nossa melhor versão, realizando em nós toda a perfectibilidade possível — como ensinava Immanuel Kant.

Quando a moralidade deixa de ser apenas uma ideia e passa a ser vivida, o ser humano se transforma. Ele se liberta do medo da morte, pois compreende que a vida continua além do corpo, e passa a trabalhar não só por si mesmo, mas pelo bem comum, vislumbrando a felicidade em mundos mais elevados que o aguardam após a existência terrena.

O desafio do materialismo e a resposta do Espiritismo

Durante muito tempo, a humanidade se deixou iludir pela ideia de que somos apenas matéria. Filósofos e cientistas materialistas tentaram reduzir o ser humano a um simples organismo físico. Contudo, pesquisas modernas em diversas universidades do mundo, inclusive na Duke University e em centros russos, apontaram evidências da natureza extrafísica da mente e da existência de um corpo sutil (ou espiritual) que sobrevive após a morte.

Já no século XIX, Allan Kardec demonstrava, através de métodos científicos e filosóficos, que somos espíritos temporariamente encarnados em corpos materiais. Ele mostrou que a vida continua após a morte e que nosso destino é a evolução espiritual. Grandes cientistas como William Crookes também confirmaram, por meio de experimentos rigorosos, a realidade dos fenômenos espíritas.

A resistência do materialismo, como lembrou Albert Einstein, tornou-se insustentável: “O materialismo morreu asfixiado por falta de matéria.” Hoje, cada vez mais estudiosos reconhecem que ciência e espiritualidade não se opõem, mas se completam.

Conclusão

A moralidade é o elo que une nossa existência terrena ao nosso destino espiritual. É o caminho pelo qual deixamos de ser apenas seres biológicos para nos tornarmos seres conscientes, solidários e, um dia, espíritos superiores.

Quando o homem compreende que sua verdadeira pátria é o universo e que todos somos irmãos, ele abandona as divisões artificiais e vive como um verdadeiro cidadão do cosmos. Esse é o ideal ensinado por Jesus e reafirmado pela Doutrina Espírita: construir dentro de nós o Reino de Deus, pela educação moral e pelo amor ao próximo.

A moralidade, assim, deixa de ser apenas um conjunto de regras e se torna o supremo ideal humano, o passo decisivo para nossa ascensão espiritual.

Referências

  • Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • Allan Kardec. Revista Espírita (1858–1869).
  • J. Herculano Pires. Evolução Espiritual do Homem.
  • Henri Bergson. As Duas Fontes da Moral e da Religião.
  • Immanuel Kant. Crítica da Razão Prática.

 

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