Introdução
A
jornada do ser humano na Terra vai muito além da simples sobrevivência. Desde
que nasce, cada pessoa carrega dentro de si potenciais que precisam ser desenvolvidos
— não apenas no raciocínio e nas emoções, mas principalmente na construção de
sua moralidade.
A
Doutrina Espírita ensina que nossa existência tem como objetivo maior o
progresso espiritual, e que esse progresso se dá através da educação da alma,
do exercício do amor e do desenvolvimento da consciência moral.
Do egocentrismo à consciência moral
Quando
começamos a viver no mundo, somos naturalmente voltados para nós mesmos.
Esse
egocentrismo é uma etapa necessária, pois permite que cada um reconheça sua
própria individualidade. No entanto, com o tempo, especialmente na convivência
com a família e na escola, vamos aprendendo que não estamos sozinhos.
Descobrimos que o outro também importa.
O
filósofo Henri Bergson falava sobre dois tipos de moral:
- A moral fechada,
que é imposta de fora, por regras e normas sociais.
- A moral aberta,
que brota de dentro de nós, de nossa consciência desperta e sensível ao
bem.
Na
visão espírita, essa moral aberta representa o despertar do “ser moral”, um ser
que compreende sua responsabilidade perante a humanidade e age com base no
amor, na empatia e na justiça — valores que Jesus, o Cristo, exemplificou em
sua vida na Terra.
A moral como caminho para o espírito
À
medida que evoluímos moralmente, deixamos de ver as pessoas como rivais e
passamos a vê-las como irmãos. A humanidade deixa de ser um conjunto de nações
e raças separadas e passa a ser percebida como uma grande família espiritual.
Esse é o verdadeiro sentido de sermos “cidadãos do mundo”.
Johann
Heinrich Pestalozzi, educador que inspirou Allan Kardec, afirmava que a
moralidade é a verdadeira religião e o fim supremo da educação. Para o
Espiritismo, esse ideal moral não se resume a costumes e convenções, mas à
aspiração natural que temos de alcançar nossa melhor versão, realizando em nós
toda a perfectibilidade possível — como ensinava Immanuel Kant.
Quando
a moralidade deixa de ser apenas uma ideia e passa a ser vivida, o ser humano
se transforma. Ele se liberta do medo da morte, pois compreende que a vida
continua além do corpo, e passa a trabalhar não só por si mesmo, mas pelo bem
comum, vislumbrando a felicidade em mundos mais elevados que o aguardam após a
existência terrena.
O desafio do materialismo e a resposta do
Espiritismo
Durante
muito tempo, a humanidade se deixou iludir pela ideia de que somos apenas
matéria. Filósofos e cientistas materialistas tentaram reduzir o ser humano a
um simples organismo físico. Contudo, pesquisas modernas em diversas
universidades do mundo, inclusive na Duke University e em centros russos,
apontaram evidências da natureza extrafísica da mente e da existência de um
corpo sutil (ou espiritual) que sobrevive após a morte.
Já no
século XIX, Allan Kardec demonstrava, através de métodos científicos e filosóficos,
que somos espíritos temporariamente encarnados em corpos materiais. Ele mostrou
que a vida continua após a morte e que nosso destino é a evolução espiritual.
Grandes cientistas como William Crookes também confirmaram, por meio de
experimentos rigorosos, a realidade dos fenômenos espíritas.
A
resistência do materialismo, como lembrou Albert Einstein, tornou-se
insustentável: “O materialismo morreu asfixiado por falta de matéria.”
Hoje, cada vez mais estudiosos reconhecem que ciência e espiritualidade não se
opõem, mas se completam.
Conclusão
A
moralidade é o elo que une nossa existência terrena ao nosso destino
espiritual. É o caminho pelo qual deixamos de ser apenas seres biológicos para
nos tornarmos seres conscientes, solidários e, um dia, espíritos superiores.
Quando
o homem compreende que sua verdadeira pátria é o universo e que todos somos
irmãos, ele abandona as divisões artificiais e vive como um verdadeiro cidadão
do cosmos. Esse é o ideal ensinado por Jesus e reafirmado pela Doutrina Espírita:
construir dentro de nós o Reino de Deus, pela educação moral e pelo amor ao
próximo.
A
moralidade, assim, deixa de ser apenas um conjunto de regras e se torna o supremo
ideal humano, o passo decisivo para nossa ascensão espiritual.
Referências
- Allan Kardec. O
Livro dos Espíritos. 1857.
- Allan Kardec. Revista
Espírita (1858–1869).
- J. Herculano Pires.
Evolução Espiritual do Homem.
- Henri Bergson. As
Duas Fontes da Moral e da Religião.
- Immanuel Kant. Crítica
da Razão Prática.
Nenhum comentário:
Postar um comentário