Introdução
Quando
Jesus foi questionado sobre qual seria o maior mandamento da Lei, respondeu de
forma clara e definitiva: amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34-40). Essa
síntese não apenas resume a Lei e os Profetas, mas também revela o caminho
essencial da vida espiritual: reconhecer em Deus a fonte da existência e, no
outro, o campo onde se expressa o verdadeiro amor.
Na
prática cotidiana, esse mandamento se traduz no serviço desinteressado, na
solidariedade e no acolhimento às necessidades alheias. Servir, à luz da
Doutrina Espírita, não é um ato eventual, mas uma oportunidade constante de
crescimento moral e espiritual.
Servir: o amor em ação
O
Evangelho nos apresenta exemplos marcantes de serviço: o Cireneu que ajudou
Jesus a carregar a cruz (Lc 23:26), o Bom Samaritano que socorreu o homem caído
na estrada (Lc 10:34) e, nos dias atuais, o anônimo cidadão que compartilha
alimento ou uma palavra amiga diante da miséria exposta nos centros urbanos.
Em todos
esses casos, percebe-se que servir é o amor tornado realidade. Não se trata de
esperar grandes ocasiões, mas de reconhecer nas situações simples — e por vezes
discretas — a oportunidade de colocar em prática a caridade.
O risco de adiar o bem
A
parábola do homem rico que aguardava um “grande dia” para começar a servir é um
retrato da ilusão humana. Muitos esperam por momentos extraordinários para
agir, esquecendo-se de que a vida é composta de instantes comuns, carregados de
significado espiritual.
O
Espiritismo recorda, em O Livro dos Espíritos (q. 643), que não há um só
dia sem a oportunidade de praticar o bem. As riquezas, quando mal
compreendidas, podem ser um obstáculo à verdadeira caridade, conforme adverte O
Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVI, item 7). Por isso, o desafio é
transformar o cotidiano em espaço de serviço, sem esperar ocasiões
espetaculares.
Servir sem vaidade
Emmanuel,
em Vinha de Luz, nos alerta: é fácil servir quando se busca
reconhecimento; difícil é servir no anonimato, sem a ilusão da vaidade. Nesse
sentido, ecoa o ensinamento do Evangelho: “que
a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita” (Mt 6:3).
O serviço
verdadeiro não busca aplauso ou recompensa, mas nasce da compreensão de que
cada gesto de auxílio é, em si mesmo, uma oportunidade de aprendizado e de
aproximação com Deus.
Conclusão
O
mandamento do amor ao próximo, na visão espírita, encontra sua expressão máxima
no ato de servir. Não se trata de grandes feitos, mas de pequenos gestos de
atenção, de apoio e de solidariedade que, somados, transformam vidas e
fortalecem a própria alma.
Servir é,
portanto, a tradução prática do amor, o exercício constante de fraternidade que
nos aproxima da perfeição moral a que estamos destinados. Cada dia, cada
encontro, cada necessidade que se apresenta diante de nós é, em verdade, um
convite de Deus para viver o Evangelho em sua simplicidade e profundidade.
Referências
- KARDEC, Allan. O Livro
dos Espíritos. 1857.
- KARDEC, Allan. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. 1864.
- KARDEC, Allan. Revista
Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. 1858-1869.
- XAVIER, Francisco Cândido
(Espírito Emmanuel). Vinha de Luz. FEB, 1947.
- RODRIGUES, Ismael Lopes. “O
Amor ao Próximo e a Oportunidade de Servir”, artigo.
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