segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O AMOR AO PRÓXIMO
E A OPORTUNIDADE DE SERVIR
- A Era do Espírito -

Introdução

Quando Jesus foi questionado sobre qual seria o maior mandamento da Lei, respondeu de forma clara e definitiva: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34-40). Essa síntese não apenas resume a Lei e os Profetas, mas também revela o caminho essencial da vida espiritual: reconhecer em Deus a fonte da existência e, no outro, o campo onde se expressa o verdadeiro amor.

Na prática cotidiana, esse mandamento se traduz no serviço desinteressado, na solidariedade e no acolhimento às necessidades alheias. Servir, à luz da Doutrina Espírita, não é um ato eventual, mas uma oportunidade constante de crescimento moral e espiritual.

Servir: o amor em ação

O Evangelho nos apresenta exemplos marcantes de serviço: o Cireneu que ajudou Jesus a carregar a cruz (Lc 23:26), o Bom Samaritano que socorreu o homem caído na estrada (Lc 10:34) e, nos dias atuais, o anônimo cidadão que compartilha alimento ou uma palavra amiga diante da miséria exposta nos centros urbanos.

Em todos esses casos, percebe-se que servir é o amor tornado realidade. Não se trata de esperar grandes ocasiões, mas de reconhecer nas situações simples — e por vezes discretas — a oportunidade de colocar em prática a caridade.

O risco de adiar o bem

A parábola do homem rico que aguardava um “grande dia” para começar a servir é um retrato da ilusão humana. Muitos esperam por momentos extraordinários para agir, esquecendo-se de que a vida é composta de instantes comuns, carregados de significado espiritual.

O Espiritismo recorda, em O Livro dos Espíritos (q. 643), que não há um só dia sem a oportunidade de praticar o bem. As riquezas, quando mal compreendidas, podem ser um obstáculo à verdadeira caridade, conforme adverte O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. XVI, item 7). Por isso, o desafio é transformar o cotidiano em espaço de serviço, sem esperar ocasiões espetaculares.

Servir sem vaidade

Emmanuel, em Vinha de Luz, nos alerta: é fácil servir quando se busca reconhecimento; difícil é servir no anonimato, sem a ilusão da vaidade. Nesse sentido, ecoa o ensinamento do Evangelho: “que a vossa mão esquerda não saiba o que faz a direita” (Mt 6:3).

O serviço verdadeiro não busca aplauso ou recompensa, mas nasce da compreensão de que cada gesto de auxílio é, em si mesmo, uma oportunidade de aprendizado e de aproximação com Deus.

Conclusão

O mandamento do amor ao próximo, na visão espírita, encontra sua expressão máxima no ato de servir. Não se trata de grandes feitos, mas de pequenos gestos de atenção, de apoio e de solidariedade que, somados, transformam vidas e fortalecem a própria alma.

Servir é, portanto, a tradução prática do amor, o exercício constante de fraternidade que nos aproxima da perfeição moral a que estamos destinados. Cada dia, cada encontro, cada necessidade que se apresenta diante de nós é, em verdade, um convite de Deus para viver o Evangelho em sua simplicidade e profundidade.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 1864.
  • KARDEC, Allan. Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. 1858-1869.
  • XAVIER, Francisco Cândido (Espírito Emmanuel). Vinha de Luz. FEB, 1947.
  • RODRIGUES, Ismael Lopes. “O Amor ao Próximo e a Oportunidade de Servir”, artigo.

 

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