sábado, 27 de setembro de 2025

 OBJETOS DE CULTO E A ESPIRITUALIZAÇÃO
DO PENSAMENTO NA PERSPECTIVA ESPÍRITA
- A Era do Espírito -

Introdução

Ao longo da história, diferentes religiões lançaram mão de objetos materiais como recursos de expressão da fé: talismãs, imagens, roupas rituais, medalhas e outros símbolos. Esses elementos, utilizados por milhões de fiéis, funcionam como pontos de apoio para a devoção, ajudando a estabelecer uma sensação de proximidade com o sagrado.

O Espiritismo, codificado por Allan Kardec, traz uma abordagem diferenciada. Não nega a importância histórica e psicológica dos objetos de culto, mas esclarece que a verdadeira ligação com Deus e com os Espíritos Superiores não depende de elementos externos, mas da qualidade do pensamento e da vida interior.

Este artigo busca refletir sobre o papel dos objetos religiosos, a função mental que desempenham e a proposta espírita de espiritualização contínua da mente, baseada na Codificação Espírita, na Revista Espírita (1858-1869) e em obras complementares como as de André Luiz.

Objetos religiosos: função psicológica e espiritual

O uso de objetos de culto expressa a necessidade humana de exteriorizar sentimentos religiosos. Como lembra André Luiz em Mecanismos da Mediunidade, esses recursos funcionam como estímulos mentais que ajudam a projetar ondas de pensamento, estabelecendo sintonia com determinadas faixas vibratórias.

Por esse motivo, tais práticas não devem ser ridicularizadas pelos espíritas, mas respeitadas como parte do processo evolutivo de cada grupo religioso. Kardec mesmo ressaltou, em diferentes trechos da Revista Espírita, a importância da tolerância e do respeito mútuo entre crenças, observando que cada religião cumpre um papel pedagógico na marcha da humanidade.

Contudo, a Doutrina Espírita esclarece que a ligação com o Alto não depende de talismãs ou símbolos materiais. O elo verdadeiro está no estado íntimo, na disciplina mental e na conduta moral.

O pensamento como força criadora

A proposta espírita vai além da simples substituição de símbolos externos: trata-se de educar a mente. O pensamento, ensina o Espiritismo, é uma força viva que cria vínculos, atrai companhias espirituais e define o padrão vibratório do ser.

Nesse sentido, Paulo de Tarso já advertia: “Transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Romanos 12:2). Essa renovação não ocorre por ritos externos, mas pela constante vigilância sobre os pensamentos e sentimentos.

Autores espirituais complementam esse entendimento. André Luiz, em No Mundo Maior, aponta que a evolução espiritual exige “revolver ideias, renovar concepções e modificar, invariavelmente, para o bem maior o modo íntimo de ser”.

O desafio da disciplina mental

Apesar do conhecimento, manter o pensamento elevado não é tarefa fácil. A vida cotidiana, com suas pressões, distrações e conflitos, frequentemente desvia a mente para vibrações negativas — queixas, mágoas, pessimismo e ressentimentos.

O esforço do espírita consciente é disciplinar a mente, sustentando uma atitude de oração contínua, não restrita a momentos formais. Como lembra André Luiz, “somente a conduta reta sustenta o reto pensamento, e de posse do reto pensamento a oração é o mais elevado toque de indução para a comunhão com as Esferas Superiores”.

Conclusão

O Espiritismo nos convida a transcender a dependência de objetos de culto, respeitando seu uso em outras tradições, mas compreendendo que o verdadeiro culto está na transformação íntima.

A espiritualização do pensamento é a meta maior: aprender a pensar, sentir e agir em consonância com o bem, cultivando a sintonia permanente com os Espíritos Superiores. Assim, caminhamos passo a passo rumo ao futuro em que o amor e a elevação mental serão a linguagem universal das almas despertas.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1ª ed. Paris: 1857.
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Paris: 1864.
  • KARDEC, Allan. A Gênese. Paris: 1868.
  • KARDEC, Allan (dir.). Revista Espírita – Jornal de Estudos Psicológicos. Paris: 1858-1869.
  • XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito André Luiz. Mecanismos da Mediunidade. FEB.
  • XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito André Luiz. No Mundo Maior. FEB.
  • WAISBERG, Tales Henrique da Silva. Objetos de Culto e Espiritualização do Pensamento. Artigo.

 

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