segunda-feira, 29 de setembro de 2025

PASSE ESPÍRITA: CIÊNCIA, DOUTRINA E RESPONSABILIDADE
- A Era do Espírito -

Introdução

O passe espírita, também chamado de transfusão fluídica ou fluidoterapia, é uma prática consolidada nos centros espíritas, aplicada de forma gratuita e com base nos princípios evangélicos e doutrinários. Longe de ser um ritual místico, trata-se de uma ação simples de doação de fluidos, em que o passista atua como intermediário, canalizando recursos espirituais que auxiliam o equilíbrio físico e psíquico do paciente.

Embora ainda pouco explorado pela medicina acadêmica no Brasil, pesquisas realizadas desde a década de 1980 demonstram que o passe pode produzir efeitos significativos em quadros de distúrbios do sono e em condições emocionais que afetam especialmente crianças. Estudos conduzidos por psicólogas da Universidade de São Paulo (USP) com cerca de duas mil crianças mostraram que a técnica reduzia sintomas como pesadelos, sonambulismo e insônia, indicando benefícios clínicos e abrindo espaço para novas investigações científicas.

Passe Espírita e a Doutrina Codificada

Do ponto de vista doutrinário, o passe é compreendido como um processo de intercâmbio fluídico. Em O Livro dos Médiuns (Segunda Parte, cap. XIV), Allan Kardec já explicava que os fluidos espirituais, combinados com os fluidos humanos, podem produzir efeitos benéficos sobre o organismo. Na Revista Espírita (fevereiro de 1865), o Codificador também ressaltou que “o pensamento e a vontade são para os Espíritos o que a mão é para o homem”. Assim, no passe, é a vontade bem direcionada, associada à assistência dos bons Espíritos, que dá eficácia ao recurso.

A Doutrina Espírita, portanto, afasta qualquer ideia de superstição ou de automatismo. A eficácia não está em gestos ou fórmulas exteriores, mas na qualidade moral do passista, na sintonia espiritual estabelecida e na receptividade do paciente. O passe é uma extensão da caridade, fundamentada no princípio evangélico de que “de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8).

O Passe e a Ciência Atual

Atualmente, há um movimento crescente de integração entre espiritualidade e saúde. Pesquisas em áreas como a psicologia transpessoal e a neurociência têm reconhecido os efeitos positivos da fé, da oração e das práticas de cuidado espiritual no bem-estar e na recuperação de pacientes. Ainda que o Espiritismo não dependa da validação científica para existir, a comprovação de efeitos benéficos do passe abre campo para diálogo construtivo com a medicina e para estudos interdisciplinares que ampliem a compreensão da saúde integral do ser humano.

Conclusão

O passe espírita não substitui os tratamentos médicos, mas os complementa, oferecendo recursos de ordem espiritual que contribuem para a harmonização do corpo e da alma. É uma prática coerente com os princípios da Doutrina Espírita, que valoriza a simplicidade, a gratuidade e o serviço ao próximo. Ao mesmo tempo, constitui uma oportunidade de aproximação entre ciência e espiritualidade, favorecendo uma visão mais ampla e humanizada da saúde.

Referências

  • KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2ª parte, cap. XIV.
  • KARDEC, Allan. A Revista Espírita (1858-1869).
  • KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo.
  • KARDEC, Allan. A Gênese.
  • ANDRADE, Maria Regina; CRUZ, Jacira Lopes Rodrigues da. Pesquisa sobre distúrbios do sono em crianças e efeitos do passe. USP, 1989.
  • SILVEIRA, Jefferson. “Passe espírita comprovado por estudo”. Revista Contigo, nº 630, 19/10/1987.

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